O dia que a Mãe Terra chorou
Certa vez o dia acordou com um grito agudo e dolorido, que foi ecoar na alma do mundo. Todos os olhos e ouvidos se abriram. Todos os sentidos se alertaram. Era o grito de dor da Mãe Terra. Ela ardia. Estava em chamas. O fogo espalhava-se rapidamente por todos os lados e atingia até as fl orestas mais distantes. Amedrontava os animais e ameaçava os seres humanos. Encolhido atrás de uma pedra estava ele. O incendiário, imprudente e arrependido. Um sujeito franzino e com cara de poucos amigos. Olhava para todos os lados, sem saber o que fazer. Por ele passavam cobras e borboletas espavoridas. Beija-flor assustado e onça pintada aflita.
- Corre, corre! Diziam todos. Mas correr para aonde, se o fogo era mais veloz? Enquanto isto, o sujeito franzino, incendiário, dizia que também não era para tanto. Ele só queria queimar aquele roçado!
Mas o grito da Mãe Terra foi tão forte que ecoou junto aos seres que moravam nas alturas dos céus, e eles se deram conta que deveriam agir rápido. O Cúmulo-Nimbo, a mais temida das nuvens convocou seus amigos e logo o dia se fez noite. Juntaram-se, chacoalharam-se, despertaram o Raio, que soltou faíscas de luz. O Relâmpago e o Trovão vieram em seguida anunciando que a Tempestade já estava a caminho. E todos juntos provocaram uma chuvarada que aos poucos foi apagando o fogo e esfriando a Terra.
Ela soltou seu riso de contentamento e alegria. Os animais suspiraram aliviados e o sujeitinho encharcado tentava achar o caminho de casa, no meio daquela alagação. Não muito longe dali, as crianças não entendiam, como o tempo podia mudar assim, de uma hora para outra.
E sem perder tempo, elas foram brincar nas poças de lama formadas pela chuva.
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